Sumário
Os porquinhos-da-índia
A especialista Anja Reutter ajuda porquinhos-da-índia em situações de sofrimento e responde às questões mais frequentemente feitas acerca destes animais.
© Julia Mashkova / stock.adobe.com
tudo o que deve saber antes de comprar ou adotar
A especialista Anja Reutter ajuda porquinhos-da-índia em situações de sofrimento e responde às questões mais frequentemente feitas acerca destes animais.
Os porquinhos-da-índia são originários dos Andes, na América do Sul, e são mantidos como animais de companhia. Servem também nessa parte do mundo como alimento, tal como os coelhos na Europa.
No grupo dos porquinhos-da-índia de pelo curto incluem-se: inglês, abissínio, american crested (coroado americano), english crested (coroado inglês), rex e teddy. Quanto às raças de pelo comprido, as principais são: sheltie, coronet, angorá, peruano, texel, merino, alpaca e mohair. Todas estas raças estão disponíveis na variedade acetinado (satin), em inúmeras cores.
Alguns criadores acreditam que é possível notar diferenças em termos de personalidade, embora não as consigam provar. Estas dependem da forma como os animais são tratados pelos donos e das suas atitudes.
Se receberem todos os cuidados de que necessitam, estes animais podem viver entre os 6 e os 8 anos. Existem relatos de porquinhos-da-índia mais velhos, mas constituem casos raros.
A melhor forma de comprar um porquinho-da-índia é através do criador. Não se sinta inibido e coloque todas as questões de forma clara – qualquer criador de confiança terá todo o gosto em responder. Além disso, como futuro dono, devem permitir-lhe observar as gaiolas onde estão os animais. Estão limpas e brilhantes? Há demasiados animais confinados a um pequeno espaço? Informações relativas a criadores podem ser encontradas em jornais e revistas e também em clubes dedicados a esta espécie.
Um porquinho-da-índia saudável tem pelo e olhos brilhantes. Não deve ter nem os olhos nem o ânus colados, nem estar demasiado magro. Além disso, não deve ter zonas do corpo sem pelo nem sem brilho.
Para olhos menos treinados é um pouco difícil distinguir o sexo do animal. A melhor forma de o fazer é ter dois exemplares lado a lado, um macho e uma fêmea, e compará-los.
Para determinar o sexo, segure cuidadosamente o porquinho-da-índia na mão com a barriga virada para cima. Com a outra mão, afaste a pele de ambos os lados do órgão sexual. Se este se parecer com um “Y” trata-se de uma fêmea; se, pelo contrário, se parecer com um “i” será um macho.
Não recomendo a aquisição de uma gaiola abaixo de 100 por 60 cm. A verdade é que os porquinhos-da-índia passam a maior parte do tempo na gaiola e devem conseguir movimentar-se o suficiente.
Definitivamente uma casinha, uma tigela estável e resistente para a comida e uma garrafa para a água. Além disso, devem existir dois dispensadores de feno (ou um, no mínimo) para forragem e feno. É fundamental que o espaço entre as “grades” dos dispensadores seja estreito o suficiente para que o animal não enfie a cabeça entre elas. Estes acessórios devem também ser altos para impedir que os pequenos roedores saltem e os usem como área de descanso; se o fizerem, podem magoar-se gravemente.
Não existem limites para a imaginação. Casinhas, túneis, rampas. Experimente tornar o ambiente ainda mais divertido para o seu porquinho-da-índia ao esconder uma deliciosa surpresa dentro de um desses acessórios – uma rodela de pepino, um caule de salsa ou um pedaço de pimento.
Em princípio, os exemplares desta espécie podem ser mantidos numa gaiola no exterior. Porém, os animais devem estar habituados ao exterior até ao final do tempo quente, para que consigam desenvolver pelo suficiente para o inverno. A gaiola deve ter um bom isolamento e estar, no tempo frio, totalmente fechada com painéis de acrílico, por exemplo. No inverno, a camada de substrato e o feno devem ser colocados em quantidades generosas, para que os animais possam aconchegar-se apropriadamente. É igualmente importante verificar a água com regularidade, já que pode congelar rapidamente.
© Viorel Sima / stock.adobe.com
Sombra suficiente é um dos pontos fundamentais a que deve prestar atenção. Os porquinhos-da-índia devem naturalmente estar protegidos contra a presença de cães e gatos. De modo algum mantenha os animais no exterior enquanto o chão esteja frio ou a relva muito húmida do orvalho. Os primeiros contactos com o exterior devem ser curtos, permitindo que os animais se habituem à relva. A melhor estratégia é oferecer feno aos porquinhos-da-índia dentro da gaiola.
A melhor forma para pegar nestes pequenos roedores é com as duas mãos e, de seguida, colocar uma das mãos por debaixo da barriga. Levante-os no ar e ponha-os ao colo. Tenha muito cuidado e não os deixe cair! Podem parecer muito estáveis e pesados, mas as perninhas e ossos dos porquinhos-da-índia são muito frágeis. Uma queda do sofá pode magoá-los com gravidade.
Quanto mais jovens, melhor os porquinhos-da-índia reagem à presença de outro exemplar. Para que todos os animais tenham o mesmo cheiro há uma boa solução: esfregue-os com funcho. No caso de ter duas gaiolas, experimente colocar o novo habitante sozinho numa delas, durante alguns dias.
Depois disso, deve colocar o novo habitante na gaiola que ambos os animais irão partilhar e só depois o outro.
Os porquinhos-da-índia devem ingerir ração, feno e água todos os dias. Como complemento, disponibilize fruta e vegetais frescos. A comida para coelhos anões não é indicada. Os porquinhos-da-índia estão dependentes da vitamina C que ingerem, já que, tal como nós, não a conseguem produzir.
Feijões (venenosos), repolho (incha), fruta ou vegetais com químicos e restos de comida. Lembre-se: o seu porquinho-da-índia não é uma trituradora de lixo.
Dado que as unhas dos porquinhos-da-índia não se desgastam o suficiente, a solução passa mesmo por cortá-las regularmente – não tem necessariamente de o fazer em casa, pois o veterinário pode cortá-las. Irá precisar de uma tesoura e com esta corte a unha entre 3 a 5 milímetros acima da veia. Se as unhas forem brancas, a veia é facilmente visível ao segurá-las contra a luz. Se, pelo contrário, as unhas forem escuras, corte somente as pontas para não magoar o animal.
Na eventualidade de existirem parasitas, é importante observar com detalhe e com frequência o pelo dos porquinhos-da-índia. Os animais de pelo comprido precisam de cuidados mais regulares. Escove-lhes o pelo cuidadosamente com uma escova para bebé. No caso dos porquinhos-da-índia com pelo encaracolado, é essencial separar o pelo com as mãos – isto para que não o arranque sem querer e magoe o animal.
Em caso de diarreia, especialmente se cheirar mal, aconselhamos a ida ao veterinário, pois os porquinhos-da-índia têm um sistema digestivo muito sensível e o intestino pode deixar de funcionar completamente.
O melhor a fazer é aplicar um penso líquido para manter a ferida limpa e, por norma, esta sara bastante bem.
É verdade que os dentes de alguns porquinhos-da-índia crescem demasiado e não se desgastam o suficiente. Todavia, este é um problema que poderá apenas ser solucionado por um veterinário. Enquanto dono, o importante é observar o animal e verificar se consegue comer bem ou se, pelo contrário, a comida lhe cai da boca. Deve também pesar o seu porquinho-da-índia regularmente, de preferência uma vez por semana.
Os animais desta espécie emitem diferentes sons, fazendo-se assim notar. O mais importante será o “assobio”, ouvido com muita frequência, especialmente se o porquinho-da-índia está à procura de comida. Os pequenos roedores usam também este som para cumprimentar os donos. Comum é igualmente uma espécie de “arrulho”, ouvido, por exemplo, quando recebem uma carícia ou quando um macho se aproxima de uma fêmea. Há ainda o “chilro”, um som bastante raro e que é emitido apenas quando os porquinhos-da-índia pensam que estão sozinhos. Este barulho é um mistério para os especialistas, que desconhecem o motivo pelo qual os animais o fazem e como o fazem. É um som bastante assustador, se ouvido a meio da noite. Estes pequenos roedores também rangem os dentes, sendo este som emitido quando dois machos estão em conflito. Batem violentamente com os dentes um no outro.
A única opção é adquirir uma tigela bastante pesada, tal como as usadas para os coelhos. No entanto, não deve ser tão grande a ponto de o animal a querer usar como casa de banho.
Nunca tentei domesticar os meus porquinhos-da-índia, mas provavelmente existem alguns que se habituaram a dirigir-se a uma espécie de caixa de areia, como os gatos.
Se pretende habituar o seu pequeno roedor a ir à casa de banho num sítio específico, tem que começar bem cedo. Coloque-o na pequena caixa, converse com ele carinhosamente e mime-o, isto para que este consiga fazer uma associação positiva com o local.
Se não tiver alternativa, pode deixar o seu porquinho-da-índia sozinho por dois dias, desde que deixe comida e água suficientes. Não é a situação ideal, mas por vezes não há modo de a evitar.
Dar-lhe muita, muita atenção. Ofereça-lhe guloseimas, como vegetais e fruta, e experimente dá-los à boca. Porém, o essencial é ser muito paciente.
Quando se faz criação, a primeira coisa a pensar é o que acontece aos bebés. Infelizmente, existem inúmeros porquinhos-da-índia que ninguém quer, e que acabam por ser entregues em abrigos, ou pior, são abandonados e estão totalmente expostos aos perigos.
Se tem um casal de porquinhos-da-índia deve separá-los, pois o macho rapidamente irá cobrir a fêmea. Como alternativa, pode castrar o macho.
E lembre-se que não basta juntar macho e fêmea na mesma gaiola – é necessário observar, pesar e até mesmo alimentar cuidadosamente a fêmea para que os bebés nasçam felizes, 68 dias depois. Às quatro semanas de vida, no máximo, as fêmeas têm que ser separadas do pai, já que depressa nasceriam novos descendentes.
Um porquinho-da-índia fêmea deve pesar cerca de 700 gramas e ter entre 5 a 11 meses de vida antes de ser mãe pela primeira vez. Antes disso, o seu corpo não está desenvolvido o suficiente e a gravidez iria afetar negativamente o seu peso e crescimento. Com um ano de idade, os músculos pélvicos encontram-se já bem calcificados e as fêmeas podem eventualmente já não conseguir dar à luz, se se tratar da primeira vez.
Agradecemos à Dr.ª Reutter pela sua disponibilidade em responder a todas estas questões e pelo seu profissionalismo nas respostas.