Raiva canina

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A raiva é uma doença viral fatal que pode afetar não só cães e outros mamíferos, como também pássaros e humanos. Conhecida desde tempos remotos, é uma zoonose, isto é, uma doença infeciosa transmitida ao ser humano por animais. Os principais agentes de contágio foram cães e predadores. São vários os relatos de gregos, romanos e babilónicos acerca do quadro clínico da doença e da sua transmissão através de mordidas.

A raiva é um vírus com genoma de RNA, pertencendo ao género Lyssavirus e à família dos Rhabdovirus. Este vírus encontra-se disseminado por todo o mundo, embora tenha sido erradicado em diversos países e zonas, como o Reino Unido, a Escandinávia, o Japão e a Austrália, feito tornado possível através da implementação de rigorosas regras no que toca à imigração e à quarentena. Na Europa, a raposa é considerado o mais importante reservatório do vírus da raiva.

Portugal é um país livre de raiva animal e sem ocorrência de casos humanos autóctones desde 1952” (Direção-Geral da Saúde). O último caso mortal noticiado em Portugal aconteceu em 2011, após uma mulher ter sido mordida por um cão infetado na Guiné-Bissau. Neste sentido, a vacinação antirrábica dos cães é obrigatória desde 1925, sendo esta a única vacina obrigatória por lei para este espécie, para que o contacto com animais provenientes de zonas onde a raiva não foi ainda eliminada não seja fatal.

O vírus é principalmente transmitido pela da saliva dos animais infetados, ocorrendo a infeção, por norma, através de mordedura. Todavia, é também possível que o contágio se dê pelo contacto da saliva com membranas mucosas ou com feridas superficiais. Outras formas de transmissão são, no entanto, discutidas. Desde o ponto de entrada, o vírus segue para o sistema nervoso central (SNC) e para as glândulas salivares, espalhando-se a partir daí para o restante organismo do animal. Até que os sintomas se manifestem podem decorrer entre duas a 24 semanas, dependendo da zona de entrada do vírus, ou seja, quanto mais próxima do SNC estiver a mordida, mais depressa a saúde dos cães decai.

Sintomas da raiva

A progressão da raiva canina decorre em três fases, que se podem sobrepor: prodrómica, de excitação e encefalite. Nem todos os animais passam por estes três estágios clássicos; alguns passam diretamente da primeira para a terceira fase.

  1. A fase prodrómica dura vários dias e caracteriza-se por alterações comportamentais. Se alguns cães se tornam mais ansiosos e agitados, outros mostram-se mais sensíveis à luz e aos ruídos. Por vezes, cães de temperamento mais reservado tornam-se, de repente, mais carinhosos e dedicados. Sintomas muito comuns são o aumento da salivação e a dificuldade em engolir.
  2. Na segunda fase, da excitação, os animais ficam mais nervosos, bravos e irritam-se com facilidade. Mordem, atacam e mostram-se desorientados. Tanto a saliva como a dificuldade em engolir aumentam.
  3. A terceira fase, da encefalite, traduz-se por paralisia, que tem como consequências o coma e a morte.

Diagnóstico da raiva

Um diagnóstico 100% seguro da doença só pode ser feito na autópsia, através de diversos exames. Em cães vivos, o diagnóstico é somente especulativo, baseado em sintomas e na história clínica. Deve suspeitar-se de qualquer cão que não tenha sido vacinado ou que o tenha sido apenas de forma parcial, que salive sem motivo aparente e que revele determinados sintomas neurológicos e alterações comportamentais – a infeção por raiva é uma possibilidade.

Nestes casos, é imperativo notificar os serviços veterinários municipais, que tomarão as medidas necessárias para combater a doença. A raiva é uma epizootia de notificação obrigatória.

Tratamento da raiva em cães

O tratamento da raiva em cães está totalmente proibido. A tentativa de tratar um cão infetado é ilegal, já que as hipóteses de contágio a humanos são altas. Após a irrupção da doença, o prognóstico em humanos é bastante negativo. Suspeitando-se da infeção em cães, são os serviços veterinários oficiais a determinar as medidas a tomar com base em normas estatais.

Vacina contra a raiva: prevenção

Tanto a doença em si como a suspeita de infeção podem ser fatais para o cão e é nesse sentido que a vacina contra a raiva faz todo o sentido, sendo, em Portugal, obrigatória para todos os cães com mais de três meses.

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